sexta-feira, 25 de maio de 2012

http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/coordenador-pedagogico/caminhos-formacao-professores-476133.shtml

Os caminhos para a formação de professores

Formar os professores é a principal função do coordenador pedagógico. Veja as melhores estratégias para cumprir essa missão

Gustavo Heidrich (novaescola@atleitor.com.br)
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Ilustração: Sattu
Dentro da escola, a função de coordenador pedagógico nem sempre é bem delimitada. Muitos acham que o profissional que exerce o cargo é um auxiliar do diretor para as questões burocráticas. Outros acreditam que cabe a ele resolver os problemas disciplinares dos alunos. E o pedagógico que está na denominação do cargo quase sempre é esquecido. Porém é essa palavra que define a tarefa do coordenador: fazer com que os professores se aprimorem na prática de sala de aula para que os alunos aprendam sempre. Para isso, ele só tem um caminho: realizar a formação continuada dos docentes da escola.
A confusão sobre as tarefas do coordenador - em muitas redes também chamado de orientador ou supervisor pedagógico - está relacionada a concepções diferentes sobre a maneira como ele se torna um bom profissional. Há quem acredite que ensinar é uma vocação e, por isso, o "dom" nasceria com a pessoa. Outros afirmam que ele aprende por tentativa e erro, acumulando experiências de sala de aula. E ainda existem os que defendem que o domínio do "como ensinar" vem da mera reprodução de roteiros prontos de aulas e de atividades. A necessidade de haver formação continuada só surge quando o professor é visto como um profissional que deve sempre aperfeiçoar sua prática ao fazer um trabalho de reflexão sobre ela e tem contato com o conhecimento didático. É aí que surge o papel de formador do coordenador pedagógico, que se torna imprescindível para orientar esse processo.
Para bem cumprir a função, ele deve estar sempre atualizado (o que significa estudar muito) com as didáticas específicas - compostas dos saberes sobre os conteúdos, da forma de ensinar cada um deles e da maneira como as crianças aprendem. As pesquisas sobre elas costumam ser divulgadas em seminários, livros, internet e em diversas reportagens publicadas pela revista NOVA ESCOLA. É com esse conhecimento que o coordenador pedagógico planeja os encontros de formação. Nele, ele tem dois principais caminhos a percorrer: o da dupla conceitualização e o da tematização da prática. Ambos você conhecerá em detalhes nesta reportagem.

Dupla conceitualização
É a estratégia que permite dois aprendizados simultâneos: sobre o objeto de ensino e sobre as condições didáticas para ensiná-lo.
Essa estratégia surgiu dentro da didática da Matemática e os programas de formação mais atualizados estão fundamentalmente apoiados nesse tipo de intervenção. Ela recebe esse nome por permitir que, durante a formação, ocorram paralelamente dois aprendizados: sobre o objeto de ensino e sobre as condições didáticas necessárias para que os alunos se apropriem dos conteúdos, conforme explica a educadora argentina Delia Lerner no livro Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário. Outras áreas também começaram a usá-la, com destaque para Leitura e Escrita, na década de 1990.
A dupla conceitualização envolve duas etapas principais. Na primeira, o coordenador propõe uma atividade desafiadora para os professores. O objetivo é fazer com que eles vivenciem a situação de aprendizagem e identifiquem os conhecimentos que estão em jogo para ensinar determinado conteúdo. Se o tema da formação é o desenvolvimento da competência escritora, é possível propor ao grupo a produção de um texto e, durante o processo, fazer as intervenções necessárias usando os procedimentos envolvidos na construção textual, como o planejamento e a revisão. "Durante essa fase, o formador pode reconceitualizar os conteúdos, tornando observável o que os professores têm de ensinar. No caso da escrita, as intervenções devem mostrar que o conteúdo em jogo não é uma fórmula para ensinar e produzir os diferentes gêneros, mas a construção de competências leitoras e escritoras no aluno", explica Paula Stella, coordenadora do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), em São Paulo.
Na segunda etapa, o formador mostra como ensinar. Com base na atividade feita pelo grupo, ele promove uma discussão sobre as condições proporcionadas para realizá-la, a maneira como foi feito o planejamento, as intervenções do coordenador e o motivo de elas terem sido usadas - e levanta hipóteses sobre como ensinar determinado conteúdo. No fim, os professores devem ser capazes de planejar um plano de aula ou uma sequência didática para os alunos dentro da perspectiva estudada. "Apesar de serem mais difundidas na Matemática e na Leitura e Escrita, as situações de dupla conceitualização podem ser adaptadas à reflexão sobre o ensino de qualquer disciplina desde que sejam garantidas as duas etapas: a reconceitualização do conteúdo e o modo de ensiná-lo", afirma Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita.
Há alguns anos, Neurilene Ribeiro, formadora do Instituto Chapada de Educação, utiliza essa prática com sucesso durante os cursos de formação de professores e coordenadores pedagógicos que realiza em 30 municípios baianos: "Uso essa estratégia quando percebo que os professores desconhecem os conteúdos ou têm uma visão equivocada sobre eles". Foi o que ela fez ao constatar que os professores do Ensino Fundamental tinham dificuldade em desenvolver procedimentos de estudo e, consequentemente, não sabiam como ensinar os alunos a estudar e a interpretar textos longos e complexos. Ela resolveu realizar uma situação de dupla conceitualização para que os docentes também aprendessem a fazer resumos, uma das maneiras mais eficientes de estudar (leia o depoimento de Neurilene abaixo).
Aprender e ensinar
Foto: Valter Pontes
Foto: Valter Pontes
"Em um curso de formação, incluí uma situação de dupla conceitualização para que os professores aprendessem a resumir e, com isso, pudessem ensinar os alunos como estudar. Levantei as dúvidas e selecionei vários textos sobre como ensinar a ler para estudar, que serviram como referenciais teóricos sobre o objeto de ensino, ao mesmo tempo em que era preciso interpretá-los e resumi-los. Previ a organização do grupo em duplas, momentos de leitura e de tomada de notas, discussão sobre as abordagens de cada autor e a escrita de resumos, que seriam lidos pelos colegas. Na segunda etapa, analisamos os procedimentos usados e as intervenções feitas por mim que tinham ajudado na execução da atividade.
Eles conseguiram identificar algumas, e outras eu precisei explicitar. Com base no que tínhamos discutido, elaboramos uma sequência didática para ensinar os alunos a estudar."
Neurilene Ribeiro, formadora do Instituto Chapada de Educação, de Salvador
Tematização da prática
"Tematizar significa retirar algo do cotidiano, fazer um recorte da realidade, para, então, transformá-lo em objeto de reflexão. É teorizar", explica Telma Weisz, professora, pesquisadora e uma das pioneiras na introdução dessa estratégia no Brasil.
Antes de tematizar sobre a prática, é preciso capturá-la na forma de relatos e registros. Na primeira categoria, estão as escritas profissionais, como os relatórios e os diários de classe elaborados pelos professores. É importante ter clareza de que os relatos são sempre uma impressão da realidade, condicionada pelos saberes prévios de quem os produziu. Com base neles, é possível ter acesso às concepções dos professores. Já os registros são a documentação da prática que não passa pelo filtro ou pela interpretação de um relator. Aí estão as gravações feitas em vídeo ou áudio de uma aula e a observação em sala feita pelo coordenador pedagógico. Por não passarem por interpretação, eles permitem saber o que de fato ocorreu durante a interação entre aluno e professor. Por fim, essa ferramenta também pode ser usada tendo como base o planejamento de projetos didáticos e institucionais, sequências didáticas, planos de aula, rotina, portfólios dos alunos e até o projeto pedagógico - documentos que, ao serem elaborados em parceria entre professores e formadores, possibilitam a tematização em tempo real.
Para que ela aconteça de forma satisfatória, algumas condições básicas precisam existir. Devem ser usadas boas práticas como modelos para análise e discussão. Eles podem ser conseguidos dentro da própria escola ou trazidos de fora. Caso o professor que terá seus registros estudados seja da equipe, ele deverá aceitar os objetivos didáticos da tematização, estar consciente dos ganhos que terá no processo e concordar em socializar seus escritos com os colegas. Esse planejamento é fundamental para que a estratégia não se torne um julgamento da prática sem resultados formativos. "Não adianta registrar uma situação inadequada para dizer aos professores o que não funciona. É preciso ser afirmativo. O ideal são situações das quais seja possível extrair a teoria previamente estudada e os procedimentos aplicáveis a outras situações da mesma natureza", ensina Regina Scarpa. É papel do coordenador trazer as referências teóricas necessárias para embasar a análise durante a formação.
Maria Ivone Domingues, coordenadora pedagógica da Escola da Vila, em São Paulo, faz a formação continuada para os professores especialistas do segundo ciclo do Ensino Fundamental: "Como eles já dominam bem os conteúdos das respectivas áreas, é imprescindível que eu estude as didáticas específicas de cada disciplina para ajudá-los a melhorar a maneira de ensinar".
Em uma atividade de Geometria para o 9º ano, Ivone usou os relatórios dos professores para fazer a tematização da prática. "Notei, durante os encontros de formação, que muitos tinham dificuldade em fazer intervenções quando a turma estava trabalhando com a resolução de problemas que exigiam dedução e muitos simplesmente nada faziam", conta ela (leia mais no depoimento abaixo).
Registros reveladores
Foto: Rogério Albuquerque
Foto: Rogério Albuquerque
"Usei os relatórios das aulas de Geometria para discutir com os professores como intervir quando os alunos estão trabalhando com processos dedutivos. Primeiro, montamos uma sequência didática que levasse as turmas do 9º ano a chegar a alguns conceitos. Nela estavam previstos os agrupamentos que seriam feitos e os conhecimentos que os alunos precisariam ter. Li muito sobre processos dedutivos antes de analisar os relatórios dos professores, que revelavam a atuação deles e os momentos em que tinham dificuldade de intervir. Verificamos que os alunos percebiam que os ângulos inscritos em uma semicircunferência eram retos, mas eles não sabiam explicar o porquê. Concluímos, então, que aqueles eram os momentos certos para a interferência: quando eles demonstrassem precisar
de mais informações para progredir."

Maria Ivone Domingues, coordenadora pedagógica da Escola da Vila, de São Paulo
De todos os tipos de registro, a gravação em vídeo é considerada a que tem o maior potencial formativo. "Ela permite que a prática seja analisada como ela realmente acontece, sem o viés interpretativo ao qual os relatórios estão sujeitos", afirma Paula Stella, do Cedac. Helena Cristina Ruiz, coordenadora pedagógica da EMEI Professora Maria Alice Pasquarelli, em São José dos Campos, a 100 quilômetros de São Paulo, usa com frequência o vídeo para fazer a formação continuada das professoras de sua escola, que ocorre duas vezes por semana, em encontros de duas horas e meia. No começo do ano, ela planeja com toda a equipe a rotina para a creche e a pré-escola. Está prevista a realização de várias rodas de leitura, brincadeiras no parque e cantos de atividades diversificadas. "Por meio da observação da sala de aula, percebi que o que propusemos inicialmente não estava funcionando na maioria das salas. O problema estava na gestão do tempo e do espaço durante os ‘cantinhos’: algumas professoras ultrapassavam o tempo estipulado - fazendo com que a maioria das crianças ficasse cansada - ou tentavam ensinar conteúdos em um momento que deve ser de livre escolha", relata Leninha, como é conhecida na escola. Os cantinhos são organizados com jogos, livros e brinquedos e têm como objetivo estimular a autonomia dos pequenos, que devem escolher onde querem ficar.
Depois de identificar onde estava o entrave, a coordenadora pedagógica foi atrás de um bom modelo. Encontrou-o dentro da própria equipe e decidiu que seria com ele que faria a tematização da prática. "Uma das professoras era muito organizada e criativa nas propostas, sabia como encaminhar as atividades e gerir a sala de uma maneira eficiente e concordou em compartilhar a experiência com as colegas. Juntas, fizemos um planejamento combinando que gravaríamos diferentes propostas, já prevendo as possíveis intervenções que seriam feitas. Gravei meia hora só com as atividades diversificadas que ela fazia com os pequenos", conta Leninha (leia o depoimento dela abaixo).
Bons modelos
Foto: Rogério Albuquerque
Foto: Rogério Albuquerque
"O vídeo foi importante para discutir com as professoras como trabalhar com os cantos temáticos. Gravei as intervenções de uma delas, que tinha um bom procedimento, para ser a base da discussão. Durante a exibição, refletimos sobre como foram feitas a organização da sala e a seleção dos materiais e a maneira de receber as crianças. Pudemos também analisar o papel das intervenções da professora. Discutimos as condições criadas para que os alunos encerrassem as atividades na hora prevista e guardassem os materiais - muitas professoras que estavam em formação tinham dificuldade nessa finalização. A observação do registro em vídeo foi útil para o grupo ter contato com um bom modelo de organização dos cantos. Outra grande lição foi que as educadoras precisavam controlar a ansiedade para não dirigir todas as situações, já que esse tipo de atividade tem como foco a autonomia das crianças."

Helena Cristina Ruiz, coordenadora pedagógica da EMEI Professora Maria Alice Pasquarelli, de São José dos Campos (SP)
No fim: a aprendizagem
Os dois caminhos trilhados - a dupla conceitualização e a tematização da prática - se encontram no fim. Bem trilhados, levam à aprendizagem dos alunos. Ao reconhecer que os professores podem (e devem) construir continuadamante a reflexão sobre a prática e de que a base dos processos formativos são os conhecimentos didáticos que decorrem desse processo, o coordenador é capaz de fazer uso das estratégias de maneira a produzir uma escola dinâmica, independente e capaz de se adaptar constantemente às mudanças e exigências dos processos de ensino e aprendizagem.
Ser formador é oferecer a teoria e as condições para aprimorar a prática. É reunir opiniões e concepções da equipe em torno de um projeto pedagógico. É fazer com que os professores consigam ver além dos hábitos e conceitos adquiridos com a experiência e a formação inicial, por meio da sistematização do que ocorre em sala de aula. "Ao se tornar um formador, dominando as estratégias e o conhecimento didático, o coordenador assume sua responsabilidade e seu papel decisivo para a aprendizagem dos alunos", finaliza Regina Scarpa.
* Leitores que sugeriram a reportagem: Márcia Maria da Silva, São Paulo, SP, Adailza de Souza Melo, Presidente Médici, RO, Gilza Carvalho Soares, Ipatinga, MG, Pedro Garcia Coitinho, Portão, RS, Márcia Siqueira Cabral, Anápolis, GO
Quer saber mais?
CONTATOS
EMEI Professora Maria Alice Pasquarelli
, Pça. Joaquim Figueira de Andrade, 60, 12221-221, São José dos Campos, SP, tel. (12) 3929-1854
Escola da Vila, R. Barroso Neto, 91, 05585-010, São Paulo, SP, tel. (11) 3726-3578
Instituto Chapada de Educação, Av. Nelson Alves, s/nº, 46930-000, Palmeiras, BA, tel. (75) 3344-1136
BIBLIOGRAFIA
Ensinar: Tarefa para Profissionais
, Beatriz Cardoso (org.), 406 págs., Ed. Record, tel. (21) 2585-2000, 46 reais
Era Assim, Agora Não: Uma Proposta de Formação de Professores Leigos, Regina Scarpa, 132 págs., Ed. Casa do Psicólogo, (11) 3034-3600, edição esgotada
Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário, Delia Lerner, 128 págs., Ed. Artmed,
tel. 0800-7033444, 36 reais 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

GÊNEROS - COMO USÁ-LOS!

http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/generos-como-usar-488395.shtml

Como usar os gêneros para ensinar leitura e produção de textos

Eles invadiram a escola - e isso é bom. Mas é preciso parar de ficar só ensinando suas características

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Ilustrações: Otávio Silveira
 
Ilustrações: Otávio Silveira
1 Como usar os gêneros nas aulas de Língua Portuguesa
Todo dia, você acorda de manhã e pega o jornal para saber das últimas novidades enquanto toma café. Em seguida, vai até a caixa de correio e descobre que recebeu folhetos de propaganda e (surpresa!) uma carta de um amigo que está morando em outro país. Depois, vai até a escola e separa livros para planejar uma atividade com seus alunos. No fim do dia, de volta a casa, pega uma coletânea de poemas na estante e lê alguns antes de dormir. Não é de hoje que nossa relação com os textos escritos é assim: eles têm formato próprio, suporte específico, possíveis propósitos de leitura - em outras palavras, têm o que os especialistas chamam de "características sociocomunicativas", definidas pelo conteúdo, a função, o estilo e a composição do material a ser lido. E é essa soma de características que define os diferentes gêneros. Ou seja, se é um texto com função comunicativa, tem um gênero.
Na última década, a grande mudança nas aulas de Língua Portuguesa foi a "chegada" dos gêneros à escola. Essa mudança é uma novidade a ser comemorada. Porém muitos especialistas e formadores de professores destacam que há uma pequena confusão na forma de trabalhar. Explorar apenas as características de cada gênero (carta tem cabeçalho, data, saudação inicial, despedida etc.) não faz com que ninguém aprenda a, efetivamente, escrever uma carta. Falta discutir por que e para quem escrever a mensagem, certo? Afinal, quem vai se dar ao trabalho de escrever para guardá-la? Essa é a diferença entre tratar os gêneros como conteúdos em si e ensiná-los no interior das práticas de leitura e escrita.
Essa postura equivocada tem raízes claras: é uma infeliz reedição do jeito de ensinar Língua Portuguesa que predominou durante a maior parte do século passado. A regra era falar sobre o idioma e memorizar definições: "Adjetivo: palavra que modifica o substantivo, indicando qualidade, caráter, modo de ser ou estado. Sujeito: termo da oração a respeito do qual se enuncia algo". E assim por diante, numa lista quilométrica. Pode até parecer mais fácil e econômico trabalhar apenas com os aspectos estruturais da língua, mas é garantido: a turma não vai aprender. "O que importa é fazer a garotada transitar entre as diferentes estruturas e funções dos textos como leitores e escritores", explica a linguista Beth Marcuschi, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
É por isso que não faz sentido pedir para os estudantes escreverem só para você ler (e avaliar). Quando alguém escreve uma carta, é porque outra pessoa vai recebê-la. Quando alguém redige uma notícia, é porque muitos vão lê-la. Quando alguém produz um conto, uma crônica ou um romance, é porque espera emocionar, provocar ou simplesmente entreter diversos leitores. E isso é perfeitamente possível de fazer na escola: a carta pode ser enviada para amigos, parentes ou colegas de outras turmas; a notícia pode ser divulgada num jornal distribuído internamente ou transformado em mural; o texto literário pode dar origem a um livro, produzido de forma coletiva pela moçada.
Os especialistas dizem que os gêneros são, na verdade, uma "condição didática para trabalhar com os comportamentos leitores e escritores". A sutileza - importantíssima - é que eles devem estar a serviço dos verdadeiros Conteúdos os chamados "comportamentos leitores e escritores" (ler para estudar, encontrar uma informação específica, tomar notas, organizar entrevistas, elaborar resumos, sublinhar as informações mais relevantes, comparar dados entre textos e, claro, enfrentar o desafio de escrevê-los). "Cabe ao professor possibilitar que os alunos pratiquem esses comportamentos, utilizando textos de diferentes gêneros", afirma Beatriz Gouveia, coordenadora do Programa Além das Letras, do Instituto Avisa Lá, em São Paulo.
Continue lendo a reportagem
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Publicado em NOVA ESCOLA Edição 224AGOSTO 2009. Título original: Gêneros, como usar

terça-feira, 22 de maio de 2012

PASSO-A-PASSO ARTIGO ALUNOS UNIARARAS - 2011 (P/CONHECIMENTO - ver atualização p/ 2012))


TÍTULO DO ARTIGO



Nome aluno (UNIARARAS) RA 00000
Nome aluno (UNIARARAS) RA 00000

Profa. Orientadora Ms. Nome  (UNIARARAS)



RESUMO:
Deverá descrever o trabalho de tal modo que o leitor, sem ler o trabalho completo, possa identificar os objetivos, a metodologia, o conteúdo e as conclusões principais do mesmo. O resumo deve ser apresentado em parágrafo único. Ao final do resumo, deve ser dado um enter para inserir as palavras-chave. Máximo de 250 palavras.

PALAVRAS – CHAVE: Uma. Duas. Três.













INTRODUÇÃO

            A introdução aborda o problema e os motivos por que o trabalho foi realizado, definindo o assunto a ser tratado e sua relação com trabalhos já publicados. Fornece subsídios que justificaram a pesquisa. Inclui o tema, a delimitação do assunto a ser tratado e a formulação de hipóteses levantadas. Os objetivos do trabalho serão colocados como um parágrafo (geralmente ao final da introdução). É recomendado também fazer um último parágrafo sobre o que abordará em cada capítulo de seu trabalho. O máximo da Introdução será em 2 páginas. Fonte: Times ou Arial 12, espaçamento 1,5 entre as linhas, texto justificado.

METODOLOGIA (para pesquisa de campo essa parte virá separada, caso contrário poderá ser citada na Introdução)

            A metodologia é a explicação do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado (entrevista, jogos, observações, etc.), do tempo gasto, de como as tarefas foram divididas, das formas de tabulação e tratamento dos dados, enfim, da maneira como se fez para desenvolver o trabalho. Essa parte deve ser escrita no passado. Assim, cite e descreva os procedimentos utilizados na pesquisa.  
            Para pesquisas de revisão bibliográfica, pode ser informada a metodologia ao final da Introdução. Ex: “O presente artigo constitui-se em pesquisa bibliográfica” ou “O presente artigo trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica”.

RESULTADOS (essa parte aparece apenas para pesquisas de campo - máximo 5 páginas)

O que foi observado neste trabalho? Essa é a pergunta que se deve fazer para escrever esse tópico. Nessa seção são apresentados os dados resultantes da execução do trabalho, de acordo com a Sempre que necessário, podem ser construídos gráficos e tabelas para organizar melhor a apresentação dos resultados, em especial quando se trata de valores numéricos.

DISCUSSÃO (essa parte aparece apenas para pesquisas de campo – máximo 2 páginas)
A discussão é a parte em que o responsável compara os dados obtidos, já descritos nos resultados, com aqueles alcançados por outros pesquisadores, os quais serão analisados, interpretados, justificados, destacados e criticados. O tempo verbal deve ser o passado, presente e futuro, pois inclui interpretação dos dados já obtidos, valores de outros pesquisadores, validação ou não de teorias até o presente e sugestão de
novos trabalhos, dependendo dos problemas que surgirem. Pode ser feita juntamente com a parte anterior: RESULTADOS E DISCUSSÃO.

(PARA PESQUISAS DE CAMPO A ÚLTIMA PARTE SERIA: CONSIDERAÇÕES FINAIS E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS – VER AO FINAL)
1. TÍTULO DO PRIMEIRO CAPÍTULO (OS CAPÍTULOS CORRESPONDEM ÀS PESQUISAS DE REVISÃO DA LITERATURA, OU SEJA, APARECEM NAS PESQUISAS BILBIOGRÁFICAS- SUGESTÃO: FAZER 3 CAPÍTULOS PARA O ARTIGO)

            Corresponde à parte mais importante do trabalho, pois vai apresentar os resultados da revisão, a história do tema estudado, a opinião de especialistas, as correntes filosóficas, eventuais soluções e diagnósticos etc. Para a pesquisa bibliográfica deve-se fazer um levantamento das fontes de pesquisa disponíveis. A pesquisa pode ser feita em bibliotecas, acervos de escolas, arquivos públicos ou virtualmente, na internet em sites especializados de pesquisa. Na pesquisas pela internet deve-se tomar cuidado em verificar se o site utilizado é confiável, evitando-se blog ou site em que se emitem opiniões ou ideias pessoais. A revisão da literatura não é uma simples transcrição (cópia) de textos, mas uma discussão sobre as idéias, fundamentos, problemas e sugestões dos vários autores pertinentes e selecionados, demonstrando que os trabalhos foram efetivamente examinados e criticados. Deve-se partir da ideia/problema principal e tentar, a partir da literatura especializada, defender uma idéia ou, se for o caso, conhecer mais sobre um determinado assunto. Por exemplo, o aluno pode querer estudar as idéias difundidas por Paulo Freire sobre alfabetização de adultos. Um outro aluno pode querer conhecer a influência dos trabalhos de Paulo Freire nos métodos de alfabetização utilizados atualmente. Tanto um caso como o outro servem como temas para um TCC. No entanto, o segundo trabalho exige maior elaboração por parte do autor, já que é necessário conhecer as idéias freireanas, conhecer os princípios pedagógicos das metodologias modernas de alfabetização e, a partir de uma análise, estabelecer relações entre elas e a pedagogia de Freire.
A revisão da literatura não é uma etapa com início e fim. O que geralmente acontece é que de início se levanta e se relata uma série de textos com relação ao tema da pesquisa, mas dificilmente todos eles serão úteis para o estudo final. Assim, à medida que novas idéias vão surgindo e o projeto vai sendo redirecionado, novos textos são acrescentados. Isso significa que a revisão deve acontecer do início ao fim do TCC.
Na prática, a revisão bibliográfica implica leitura, análise e seleção de textos relevantes ao tema/problema de estudo. Para tanto, a simples leitura das fontes selecionadas não é suficiente. É importante organizar então, um fichário pessoal: constituído de fichas com dados considerados importantes pela pessoa que faz a pesquisa. Essa organização permite que o autor do TCC tenha sempre em mãos as idéias dos autores, além das informações bibliográficas que podem ser resgatadas a todo momento.
Para mais detalhes sobre os diferentes tipos de fichamento visite <http://www.monografias.brasilescola.com/regras-abnt/tipos-trabalhos-academicos-fichamento.htm>.
Em função das necessidades didáticas e, principalmente, de raciocínio, o item Revisão da Literatura poderá estar organizado em capítulos e, se necessário, sub-capítulos. A cada capítulo pode ser dado um titulo ou nomeação, que deverá apresentar coerência com o seu conteúdo. A quantidade de capítulos é decorrente da abrangência e da profundidade da pesquisa bibliográfica e dos objetivos específicos previamente determinados. Recomenda-se que para a revisão da literatura sejam consultadas pelo menos 10 referências.
No desenvolvimento do trabalho, deverão ser feitas as devidas citações dos autores e das obras que foram consultadas e utilizadas para a elaboração do texto. O uso de citações é obrigatório e corresponde a uma informação extraída de outra fonte, um texto ou documento que dá o devido crédito ao autor da idéia e dá ao texto sua autoria original. Deixa claro que o autor do TCC “emprestou” as ideias dos autores pesquisados. As citações deverão ser feitas segunto ABNT. As citações poderão ser diretas ou indiretas. As citações diretas são aquelas que reproduzem exatamente o original, repeitando-se inclusive eventuais incoerências, erros de ortografia e/ou concordância. As citações diretas curtas são aquelas em com até 3 linhas. Esta citação deverá ser transcrita diretamente no corpo do texto/parágrafo e deverá vir entre aspas duplas. Ao final do texto transcrito, deverá ser indicado, entre parênteses, o sobrenome do autor (ou autores separados por ponto e vírgula), seguido do ano da obra e a página da obra original.

Exemplo 1:
“Não saber usar a internet em um futuro próximo será como não saber abrir um livro ou acender um fogão, não sabermos algo que nos permita viver a cidadania na sua completitude” (VAZ, 2008, p. 63).

Exemplo 2:
Segundo Paulo Freire (1994, p. 161), "(...) transformar ciência em conhecimento usado apresenta implicações epistemológicas porque permite meios mais ricos de pensar sobre o conhecimento (...)".

As citações diretas longas, com mais de 3 linhas, deverão ser apresentadas em destaque. O trecho transcrito é feito em espaço simples de entrelinhas, fonte tamanho 11, com recuo de 4 cm da margem esquerda. Ao final da transcrição, faz-se a citação do autor, ano e página, entre parênteses.

Exemplo de citação direta longa:
O objetivo da pesquisa era esclarecer os caminhos e as etapas por meio dos quais essa realidade se construiu. Dentre os diversos aspectos sublinhados pelas autoras, vale ressaltar que:


(...) para compreender o desencadeamento da abundante retórica que fez com que a AIDS se construísse como 'fenômeno social', tem-se freqüentemente atribuído o principal papel à própria natureza dos grupos mais atingidos e aos mecanismos de transmissão. Foi construído então o discurso doravante estereotipado, sobre o sexo, o sangue e a morte (...). (HERZLICH; PIERRET, 1992, p.30)


OBS – NÃO É MAIS UTILIZADO O ITÁLICO, DE ACORDO COM A NORMA DA ABNT (NEM EM CITAÇÕES ATÉ 3 LINHAS, NEM EM CITAÇOES COM MAIS DE 3 LINHAS).

As citações indiretas reproduzem a idéia do autor consultado sem, contudo transcrevê-la literalmente. Nesse caso, as aspas ou o itálico não são necessários, todavia, citar a fonte é indispensável.

Exemplo 1:
De acordo com Freitas (1989), a cultura organizacional pode ser identificada e aprendida através de seus elementos básicos tais como: valores, crenças, rituais, estórias e mitos, tabus e normas.
Exemplo 2:
A cultura organizacional pode ser identificada e aprendida através de seus elementos básicos tais como: valores, crenças, rituais, estórias e mitos, tabus e normas. Existem diferentes visões e compreensões com relação à cultura organizacional. O mesmo se dá em função das diferentes construções teóricas serem resultantes de opções de diferentes pesquisadores, opções estas que recortam a realidade, detendo-se em aspectos específicos (FREITAS, 1989).

Em ambos os casos (pesquisa de campo e revisão da literatura), ao final do trabalho, deverão constar as Considerações Finais e as Referências Bibliográficas.


CONSIDERAÇÕES FINAIS (PARA PESQUISAS DE CAMPO E PESQUISAS BILBIOGRÁFICAS)

Máximo de 2 páginas. O mais adequado é fazer um resumo pequeno sobre as principais ideias apreendidas da pesquisa bibliográfica. Se havia uma pergunta ou problema inicial a ser respondida (apresentada na introdução), deve enfim, respondê-la aqui. Por isso é importante que, neste momento, retome os objetivos propostos (o que desejava saber? o que pretendia provar? o que pretendia relacionar? o que pretendia solucionar? o que pretendia encontrar?) e avalie se sua pesquisa permitiu que você chegasse a uma resposta/solução satisfatória.
Deve-se expor de maneira clara seu ponto de vista sobre o problema formulado anteriormente e o que conseguiu obter e demonstrar durante a pesquisa, fundamentado (a) principalmente nos resultados e na discussão. O tempo verbal da conclusão pode ser o passado, o presente e o futuro, pois essa seção conclui as análises dos resultados e sua importância para a hipótese proposta inicialmente, e sugere a realização de novos trabalhos. Evitar citações diretas nessa parte.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (PARA PESQUISAS DE CAMPO E PESQUISAS BIBLIOGRÁFICAS)

Corresponde a uma lista composta somente pelas referências de trabalhos consultados e citados no texto. Todas as obras da referência devem ser citadas (direta ou indiretamente no Artigo). É recomendado um mínimo de 10 obras. Para a elaboração das referências, deve-se seguir as especificações da ABNT NBR 14724. Para tanto, seguem alguns exemplos de referências:

a) Referências de livro

a. Livro com até dois autores
DINA, A; MARQUES, V. A fábrica automática e a organização do trabalho. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1987.132p.

b. Livro com mais de três autores
GUIMARÃES, L. et al. A erradicação do analfabetismo no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

b) Capítulo de livro
NOGUEIRA, D. P. Fadiga. In: FUNDACENTRO. Curso de médicos do trabalho. São Paulo, 1974. v. 3, p. 807-813.

c) Dissertações e Teses
RODRIGUES, M. V. Qualidade de vida no trabalho. 1989. 180 f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1989.

d) Artigos de revistas
ESPOSITO, I. et al. Repercussões da fadiga psíquica no trabalho e na empresa. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 8, n. 32, p. 37-45, 1979.


e) Artigos de jornais
OLIVEIRA, W. P. de Judô: Educação física e moral. O Estado de Minas, Belo Horizonte, 17 mar. 1981. Caderno de esporte, p. 7.

f) Artigos apresentados em Congressos
GARCIA M, O. Formación, actividades y perspectivas de las profesionales en nutrición. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRICIONISTAS, 3.; ENCONTRO LATINO-AMERICANO DE NUTRICIONISTAS, 1., 1965, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Nutricionistas, 1968. p. 283-292.

g) Constituição
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

h) Leis e decretos
BRASIL. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, v.134, n.248, 23 dez. 1996. Seção 1, p. 27834-27841.

i) Homepage
VASCONCELOS, J. L. M. Influência da nutrição sobre performance reprodutiva em gado leiteiro. Piracicaba: Agripoint, 2001. Disponível em: <http://www.milkpoint.com.br >. Acesso em: 4 jun 2001.

Para outros tipos de referências, consulte < http://bu.ufsc.br/framerefer.html>.
Alguns sites especializados para pesquisa bibliográfica na área de Educação.
http://artigocientifico.uol.com.br/
http://www.scielo.br/
http://www.adolec.br/php/index.php
http://www.ibict.br/secao.php?cat=CCN
http://www.biblioteca.clacso.edu.ar/
http://www4.uninove.br/ojs/index.php/dialogia
http://www.acaoeducativa.org/
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp
http://143.106.58.49/fae/default.htm (unicamp)
http://www.eric.ed.gov/
http://bdtd.ibict.br/
http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/index.php
http://www.athena.biblioteca.unesp.br/F/?func=find-b-0&local_base=BDTD
http://www.teses.usp.br/
http://www.pucsp.br/ecurriculum/
http://scholar.google.com.br/